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Design – Uma introdução

Confesso que a primeira vez que vi essa publicação (e criei minha expectativa a partir do título do livro), achei que fosse simplesmente um guia para iniciantes. Mas como fui “pescado” pelo tamanho (23,5 x 30,5cm) e pelas belas imagens, resolvi ler. E me enganei completamente. Ainda bem! A SuzanaYonamine, que me indicou o livro, tava certíssima! O livrão trata da função social, política e econômica do design, se aprofunda o suficiente para ter mais que um simples overview em cada movimento de design e sempre trata das causas e consequências para a sociedede que cada um deles teve. Não sei se “uma introdução” somente é um bom nome, talvez o subtítulo “O design no contexto social, cultural e econômico” fale mais.

O “Design – Uma introdução” é dividido em três partes, na primeira o autor Beat Schneider conta a história, exemplifica, ilustra, compara e a cada capítulo, coloca seu ponto de vista. Sintético o suficiente para não ser chato e profundo o bastante para deixar com vontade de ler mais sobre cada movimento, escola, período. Na segunda parte o papel muda (já que não tem mais imagem) e o que vale são ótimos textos que promovem debates pelos contextos e conceitos de design. Acredito que possam ser aproveitados no ensino do design. A terceira parte é de anexos, tem muita coisa útil, como indicação de livros, revistas e museus pelo mundo.

A seguir o índice do livro:

Parte I – História contextualizada do design

Introdução
1. Industrialização e primórdios do design
2. Crítica à indústria: do Arts & Crafts até o Art Nouveau /Jugendstil
3. Pré-modernismo em Chicago, Glasgow e Viena
4. A Werkbund alemã: entre a arte e a indústria
5. Estilo internacional: construtivismo, De Stijl, Bauhaus
6. Arte de vanguarda e design gráfico
7. Design no fascismo
8. Styling: design nos EUA
9. Os dourados anos 1950 na Europa
10. A boa forma e a Escola Superior de Design de Ulm
11. Swiss style: o estilo tipográfico internacional
12. A crise do funcionalismo
13. Design pós-moderno: Alchimia e Memphis
14. Os loucos anos 1980 e o “Novo Design”
15. A nova simplicidade
16. Revolução digital e design

Parte II – O design no contexto: debate

Introdução
17. Design – Conceitos
18. Design – Identidade corporativa
19. Design – Arte
20. Design – O gosto e o kitsch
21. Design – Terceiro Mundo
22. Design – Gênero
23. Design – Teoria
24. Design – Pesquisa e ciência

Parte III – Anexos

A. Design – Bibliografia
B. Design – Revistas
C. Design – Museus
D. Design – Organizações
E. Design – Índice onomástico

Inclusive eu usei o livro Design – Uma introdução com a definição do Beat Schneider para “O que é design?“. Foi lendo esse mesmo livro que postei “Função do design x função do designer

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Manual do Freela

Quando comecei a ler esse livro da Editora 2AB e escrito pelo André Beltrão, ótima indicação da Renata Storck, imaginei que se tratasse apenas de um bom livro para quem tá começando. Aí comecei a lembrar das tremendas vaciladas que eu presenciei e que amigos me contaram que empresas deram na hora de cobrar os jobs e mudei de ideia: O livro é pra todo mundo que pretende cobrar por design nem que seja uma única vez na vida. E quem nunca teve problema em dar preço a um projeto?

O autor trata de tudo, desde os gastos para o desenvolvimento do trabalho, manutenção do computador, conta telefônica, motoboy, aluguel até os possíveis ajustes de layout, controlando o tempo e calculando o valor das horas, tudo com base em quanto o profissional espera receber por mês (e não tabelas de preços utópicos que rolam por aí). E é tudo, bem explicado, com passo-a-passo quando necessário, tem até as tabelas em Excel para facilitar todo o processo e evitar jogar horas de trabalho fora sem perceber (e sem receber!). Como o autor deu várias palestras sobre esse assunto (e disso nasceu o livro), os exemplos que ele conta são todos reais.

Reposicionamento “por posicionamento”

Saber cobrar e se posicionar já arruinou muita empresa de design por aí. Numa dessas milhares eu trabalhei. E eu tive a sorte de lá conhecer muita gente boa, competente. Era uma agência basicamente de e-learning, 45 funcionários, bem instalada, onde o carro chefe eram treinamentos on-line integrado com sistemas de banco de dados complexos, mas também fazíamos sites, hotsites e portais. De lá também saiam materiais impressos, desde livretos até jogos de tabuleiro. Ah, tinham só clientes grandes: bancos multinacionais, redes de hipermercados, rede de lojas de roupas femininas, tudo pra dar certo. Menos a cabeça da dona. Quando eu entrei lá a empresa era vista como o lugar que resolvia os projetos de modo interessante, bem realizados e com prazo e orçamento condizentes. Aos poucos isso mudou. Talvez “aos muitos”.

Me lembro da noite que trabalhávamos e a dona veio feliz da vida, rindo à toa e contando:
– Ah, ganhamos mais uma concorrência! Dessa vez pro Banco XXXXXXXXX!

E contentes perguntamos algo como:
– Nossa, Fulana, que bom! Como ganhamos?

Ela riu de novo, orgulhosa e disse:
– Ganhamos no preço e no prazo! Ah! O segundo que mais se aproximou da gente tava cobrando CINCO VEZES o nosso preço. Ninguém entende como conseguimos fazer com tanta rapidez e cobrar tão pouco!

Mas os funcionários sabiam. E era óbvio: Trabalho porco, varando noites, voltando 500 vezes. E claro, ela ia cobrar R$10.000 por algo que valia pelo menos R$ 50.000. E tava feliz. Por causa desse posicionamento, que também obviamente piorou com o passar do tempo, a empresa foi reposicionada na cabeça dos clientes (que sobraram, os principais foram saindo…): Virou a empresa que resolvia tudo de maneira imunda, cobrava pouco e só ia pegar o resto do resto do que sobrasse de trabalho, ou seja, só coisa chata, ruim. Pouco tempo depois não tinha mais ninguém bom lá. Tudo isso por falta de querer se organizar e pensar um pouquinho com o lápis e o papel na mão. É o mínimo, eu sei, mas muita gente não faz. É o que o livro fala.

E você, conhece algum caso desses, de absurdos na hora de cobrar um job?

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Lábaro Estrelado – J. Carlos

Capa do livro Lábaro Estrelado, de J. Carlos

Mesmo antes do termo design ser difundido no Brasil já havia bastante designers trabalhando nas terras tupiniquins. Inclusive profissionais incríveis, características peculiares e envolvidos socialmente. Esse é o caso de J. Carlos. Designer e ilustrador (e mais um monte de coisas!) que fez muita coisa boa, principalmente nos anos 1930, entre capas de revistas e ilustrações para várias publicações, como a revista “Fon Fon” e “O Cruzeiro”. O livro que tem no nome uma parte adaptada do Hino Nacional Brasileiro reúne 60 ilustrações de J. Carlos com a temática patriota do ilustrador, que sempre era tão forte em seus trabalhos. Além de todos esses trabalhos tem também um texto explicativo sobre o caráter nacionalista de J. Carlos e detalhes sobre alguns de seus projetos.

Algumas ilustrações presentes no livro:

Página interna com a revista O Cruzeiro, no livro Lábaro Estrelado, de J. Carlos

Página interna com a revista Fon Fon, no livro Lábaro Estrelado, de J. Carlos

Página interna com a revista Fon Fon, no livro Lábaro Estrelado, de J. Carlos

Quarta capa do livro Lábaro Estrelado, de J. Carlos

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Arquivo Público do Estado de São Paulo

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Valentines – Vintage Holiday Graphics

Com pouco texto (e infelizmente com tipografia, tamanho e largura de coluna questionáveis) e muitas imagens bacanas, os livros da série Icons, da Taschen são uma ótima opção para referências visuais temáticas muito interessantes. No caso desse são dezenas e dezenas de cartões de Dia dos Namorados, capas de revista, comerciais e muitas outras peças, todas dentro da temática do feriado de São Valentin. E tem de tudo, desde uma linguagem “Amar é” como mais puxada para Art Déco ou então do Pós-Guerra dos EUA. Isso tudo das décadas de 1920, 1930, 1940 e 1950. É uma pena que as imagens não estejam catalogadas ou legendadas, mas o conteúdo vale muito a pena.

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

Exemplo de interna do livro Valentines - Vintage Holiday Graphics

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Faces do Design

Faces do Design - Capa

Eu estava no segundo ano do Curso Superior de Design Digital, em 2003, quando os professores da instituição que eu estudava, a Universidade Anhembi Morumbi, lançaram o primeiro livro da série Faces do Design (depois lançaram o Faces do Design 2), pela Edições Rosari, mas só fui estudar o livro todo há pouco tempo. Uma pena. Os oito textos, um de cada  professor, informam e opinam a respeito de história do design, arte, hipermídia e tipografia.

Os capítulos:
O processo de criação em expressão tridimensional, por Adriana Valese
Bauhaus – um pouco da história de um projeto pedagógico, por Ana Lúcia Ribeiro Lupinacci
Tékne e design: uma relação entre o conceito aristotélico de arte e o conceito contemporâneo do design, por Carlos Alberto Barbosa
Tipografia experimental, por Cecília Abs
A influência do objeto industrial na arte, por Gisela Berlluzzo de Campos
Texto na web, por Marcelo Prioste
Design Digital: universo da cultura e da hipermídia, por Mônica Moura
As fronteiras entre o design e a arte, por Priscila Arantes e Jorge Luís Antonio

Faces do Design - Quarta capa

Mesmo um texto mais datado como o de “Texto na Web” tem seu valor pois foram escritos entre 2000 e 2001. Os valores atribuídos e questionamentos sobre o uso do Macromedia Flash e da popularização da internet banda larga nos fazem perceber como os interesses e preocupações com os projetos eram muito diferentes dos atuais. Os demais textos não tem “data de validade” e questionam e estudam pontos interessantes, como o valor e importância da referência na hora de desenvolver um projeto, como o design e a arte podem andar mais próximos para beneficiar um ao outro, como era a Bauhaus e qual a função do seu projeto de ensino, a riqueza da relação design e tecnologia etc.

Acredito que os textos atinjam diversos públicos-alvos no campo do design, desde estudantes, profissionais da área e professores (ou aspirantes de), pois os estudos e pesquisas envolvem diversas disciplinas e possuem diferentes níveis de aprofundamento.